segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Cultura Nordestina: Introdução


A Região Nordeste do Brasil é habitada desde a pré-história. Registros dessa época podem ser encontrados através dos sítios arqueológicos, como o da Serra da Capivara, no Piauí; e o sítio Itaquatiara, onde podemos encontrar a famosa Pedra do Ingá, na Paraíba. Desde então, vários povos habitaram o Nordeste brasileiro, dentre eles, os povos de origem tupi-guarani, entre outros.

A partir do século XVI, com a chegada dos portugueses, o Nordeste foi a porta de entrada no Brasil para vários povos vindos do mundo todo. De forma pacífica ou não, o fato é que várias etnias entraram em contato no Nordeste desde o período colonial, gerando uma cultura local muito rica. Essa riqueza pode ser encontrada na literatura, nas danças típicas da região, na língua, na música, enfim, em todo tipo de expressão cultural do povo nordestino; riqueza presente também no DNA da população.

Embora o elemento africano seja muito citado na formação cultural do Nordeste, há outras influências mais antigas; como a cultura indígena que obviamente influenciou, e ainda influencia, a formação cultural em todo o território nacional; também a cultura cigana e elementos típicos da Europa medieval, que inclui “temperos” árabes e judeus. Muitos estudiosos atribuem uma influencia europeia à origem de ritmos tipicamente nordestinos como o xaxado, o xote, o baião, a toada, etc; e essa herança não é negada por movimentos como o Movimento Armorial, idealizado pelo grande Ariano Suassuna. Esse movimento, surgido na década de 70 do século XX, tinha por objetivo criar uma cultura nordestina erudita, a partir de elementos populares em todas as artes. Na música, misturou o melhor da produção nordestina a elementos da Europa medieval; que produziu obras primas como é o caso do álbum Do Romance ao Galope Nordestino, do Quinteto Armorial.

Ainda hoje a essência das diversas misturas produzidas pelos contatos entre os povos no Nordeste tem inspirado vários artistas, como é o caso do grupo Xaxado Novo, de São Paulo; que através de uma pesquisa histórica vem produzindo seu trabalho com o intuito de divulgar esse passado em que culturas se encontraram e deixaram para nós uma herança muito rica. Com uma mistura de música nordestina com música cigana, o grupo consegue passar toda a energia desses povos que estão na base da construção do Brasil.







- Introdução - Cultura Nordestina.
Por: Francélia Pereira

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Lendas do Brasil: Capelobo


- A lenda do Capelobo

O Capelobo (também chamado cupelobo) é uma lenda muito popular no Maranhão e também na região dos Rios do Pará. 

O nome provavelmente seja de origem indígena, e significa "lobo torto". A lenda diz que quando um índio fica muito velho, ao invés de morrer ganham uma nova vida na forma de um Capelobo.

Tendo uma descrição muito variada, a criatura é retratada em algumas regiões como uma criatura humanoide com um corpo peludo e com um focinho de tamanduá. Já em outras regiões, ele é descrito como uma anta, porém com características mais distintas, é maior que uma anta comum, é mais rápido, possuindo um focinho mais parecido com o de um cão ou porco, e cabelos longos.

O Capelobo costuma rondar as casas e acampamentos na floresta a noite, sendo notado pelos gritos assustadores que produz. Esses gritos, que no meio da mata se multiplicam em todas as direções, desnorteiam os caçadores e mateiros que assim vagam perdidos, chegando, às vezes, a enlouquecer.

Ele se alimenta de filhotes de cães e gatos, e também de humanos. Diz-se que ele abraçava os humanos que encontra, fura seus crânios e suga seu cérebro introduzindo o focinho no orifício (semelhante a um tamanduá em um cupinzeiro), e também se conta que ele bebe o sangue de suas vítimas.

Segundo algumas culturas, o Capelobo só pode ser morto de atingido por uma flecha ou algum outro ferimento no umbigo.

Ilustração 1: por Jay Beard para a história "A Batalha Temerária Contra o Capelobo" - Livro que narra uma batalha entre dois homens e a temida criatura, dentro da selva brasileira no século 16.

Ilustração 2 e 3: por Paulo Ítalo para a série "A Bandeira do Elefante e da Arara".

- Capelobo - Lendas do Brasil 
Por: Wagner Gomes

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Literatura Indígena: Ailton Krenak


  A literatura para o indígena é vista como uma arma contra toda a opressão sofrida no decorrer dos séculos, é a partir dela que eles conseguem contar os seus costumes, suas dificuldades. É a partir dela que eles conseguiram finalmente ter uma voz mais ativa no meio da sociedade. Não só com trabalhos de antropologia mas com diversos segmentos dentro da literatura. Hoje temos muitos escritores conhecidos, posso citar aqui como exemplo o Daniel Munduruku, a Eliane Potiguara, podemos incluir o Ailton Krenak, o Kaká Werá e diversos outros que trabalham não só com a escrita como o Edson Kayapó. Minha intenção é com cada nova postagem falar um pouco mais sobre cada escritor, sobre os trabalhos desenvolvidos, a trajetória de cada um e deixar um livro para download. Aumentando assim cada vez mais a percepção da realidade indígena no nosso país.
 
- Ailton Krenak

“No dia que não houver lugar para o índio no mundo, não haverá lugar para ninguém”.
Ailton Krenak é um dos líderes mais importantes da causa indígena, desde a década de 80 vem lutando pelos direitos dos índios. Além de escritor é apresentador de programas televisivos voltados para essa temática. Tem um livro publicado chamado: “O lugar onde a terra descansa” e mais milhares de artigos espalhados em jornais, revistas, teses e outros meios de comunicação. Como seu nome já diz ele é pertencente a etnia Krenak que fica localizada em Minas Gerais, foi lá que ele viveu até seus 17 anos, quando se mudou para o Paraná e começou a sua alfabetização. Esse foi um passo muito importante na vida de Ailton, foi assim que ele começou a transmitir seus conhecimentos sobre sustentabilidade e suas experiências vividas, experiências essas que ele começou a absorver muito cedo, quando aos nove anos de idade se viu obrigado a deixar toda sua aldeia para trás e fazer uma migração forçada para um local desconhecido, foi assim que ele percebeu pela primeira vez que a sua liberdade de existir e praticar suas crenças estava sendo tomada, estava sendo suprimida pelo desejo de pessoas mais poderosas.

Sempre que ouvimos falar no nome de Ailton, lembramos de um de seus gestos mais marcantes, poucos anos depois de começar a se dedicar única e exclusivamente a causa indígena, no ano de 1987 em pleno Congresso Nacional ele se pintou com a pasta de Jenipapo para chamar a atenção em relação a precariedade que os indígenas em geral viviam,- como a falta de coisas básicas: saneamento, educação, saúde. E não só isso, como ao fato da demora em relação a demarcação das terras e das diversas dificuldades territoriais existentes.

Eu particularmente admiro muito o trabalho que ele faz, como estudante da causa me sinto muito bem representada pelos ideais e pela forma de agir e pensar que ele tem. Não só apenas para os indígenas mas para o planeta em si. Com seu pensamento voltado para a sustentabilidade vejo soluções para diversos problemas que hoje enfrentamos. Eu acredito que se existe algum povo que pode nos ajudar de maneira efetiva com a causa ambiental, esse é o povo indígena. Deixo para a apreciação um artigo muito bom feito pelo Ailton Krenak, deixo também link para contato com Ailton e sua obra e um vídeo de um programa muito interessante que ele participou. Caso se interessem na compra do livro deixo um link mais a baixo.




Artigo: Antes, o mundo não existia

Livro: O lugar onde a terra descansa

Ailton Krenak no Congresso Nacional em 1987

Contato: Ailton Krenak



- Literatura: Ailton Krenak - Cultura Indígena
Por: Jakline Costa


O Espírito Ancestral: Arandu Arakuaa


A História do Brasil é conhecida por nós através da Escola, da mídia e através de nossos pais, avós e todos com quem convivemos, mas o que sabemos sobre a História antes da chegada dos povos europeus em nossas terras; ou seja, sobre a História de Pindorama?

Pindorama era como nossa terra era chamada pelos povos de origem tupi que aqui viviam. A pindó, palmeira, aparece nos mitos tupi-guarani como uma árvore dos tempos ancestrais, uma árvore do tempo em que os deuses estavam organizando o universo e povoando a Terra com inúmeras criaturas. Quando o povo tupi ancestral chegou aqui, chamou essa terra de Pindorama, Terra das Palmeiras; isso implica em dizer que esse povo via essa terra como sagrada, antiga; uma terra que abrigou os seres originários e os próprios deuses. Vale ressaltar que o povo tupi não foi o primeiro a habitar essa terra, aqui já viviam vários povos, de etnias diferentes, quando os tupi chegaram trazendo sua cultura baseada no culto do Sol e da Lua. O povo tupi chamou esses povos de tapuy-ú – tapuia – que podemos traduzir como “bárbaro”; ou, os que não falam tupi.

Assim, Pindorama tem uma história rica, cheia de mistérios e com certo toque de “magia” devido às crenças que eram compartilhadas pelos povos que aqui viveram no passado; povos que viam o Espírito em tudo que existe, que acreditavam na origem divina da humanidade e que buscavam encontrar o caminho para a Ywy Mara Eÿ, a Terra Sem Mal.

Muitos artistas se inspiram nos povos de Pindorama para desenvolverem a sua arte; misturando a cultura ancestral a novas linguagens. Um bom exemplo disso é a banda Arandu Arakuaa; que ousou ao misturar à sonoridade do Metal elementos da cultura indígena, além de utilizar o tupi antigo para compor as letras das faixas do seu primeiro CD, Kó Yby Oré (Essa nossa terra).


Videoclipes:



- O Espírito Ancestral: Arandu Arakuaa - Cultura Indígena
Por: Francélia Pereira

Cultura Indígena: Introdução


A sabedoria dos nossos povos nativos precisa ser preservada, assim sendo feita, preservamos toda a beleza esbanjada da nossa flora brasileira.

- Introdução - Cultura Indígena
Por: Richard Pimentel

Lendas do Brasil: Saci-Perere



A lenda do Saci-Pererê

Nomes: Saci-Pererê, Saci-Cererê, Matimpererê, Matita Pererê, Saci-Saçurá e Saci-Triquê;

Origem: Muitos acreditam que essa lenda se originou nas tribos indígenas do Sul do país mas com o tempo agregou muitas influências tanto africanas como europeias, isso fica bem explícito nas mudanças que a lenda sofreu no decorrer do tempo o que vamos verificar um pouco mais pra frente;

Data de Criação: O mito existe desde o começo do século 19;

Data Comemorativa: O dia do Saci é comemorado em 31 de outubro. No ano de 2005 resolveram criar essa data para contrabalancear o Halloween e tentar dessa maneira a valorização da nossa cultura;

O Saci-Pererê: O Saci-Pererê sofreu muitas mudanças, tanto em sua personalidade quanto nas características físicas, isso se dá principalmente pelo fato da miscigenação de culturas que temos no Brasil, na época da colonização isso foi muito forte e muitos costumes e lendas já existentes sofreram algumas manipulações. As histórias antigamente eram contadas boca a boca e como sempre dizem: “Quem conta o conto sempre aumenta um ponto”.

Nos primórdios o Saci era um menino indígena, com o espírito endiabrado (típico de crianças levadas), tinha as duas pernas e um grande rabo. A primeira mudança física veio com a migração do mito para a região Norte, foi ai que surgiu a influência dos africanos, transformando o personagem em um menino negro que perdeu a perna lutando capoeira, sendo que a parte psicológica continuava a mesma, foi aqui também que ele ganhou o seu cachimbo. Só muito tempo depois que a imagem que hoje temos do Saci foi formada, com o acréscimo do gorro vermelho (isso pode remeter aos Trasgos da cultura portuguesa), herança das populações europeias que aqui viviam.

Voltando um pouco para a origem do mito, temos algumas características interessantes. Sempre aprendemos na escola que o Saci é brincalhão, que passa os seus dias a se divertir fazendo trapalhadas, escondendo objetos e demais coisas que esperamos de uma criança travessa. Mas o que não é dito é que ele é um grande conhecedor das ervas e de todos os chás e medicamentos que podem ser oferecidos por elas, é o guardião desses conhecimentos por assim dizer e quem quiser entrar na floresta atrás disso deve pedir autorização para ele.

Literatura: Foi a partir da literatura infantil e até infanto-juvenil que esse personagem foi mais difundido. Um grande exemplo é o Sítio do Pica-Pau amarelo de Monteiro Lobato que depois virou desenho e até série televisiva. Aqui temos a típica imagem do Saci-Pererê travesso e com as influências estrangeiras que agora conhecemos. Vale muito a pena lembrar que na origem ele era uma criança indígena, tinha as duas pernas e a única coisa que restou foi seu espírito travesso.

Filmes: Com as pesquisas descobri um documentário bem interessante que pode trazer ainda mais conhecimento: “Somos todos Sacys” de Rudá K. Andrade e Sylvio do Amaral Rocha e uma releitura dos contos de Monteiro Lobato: “O Saci” de Rodolfo Nanni.


Vídeo: História pela série "Juro que vi" para retratar uma versão da lenda.


- Saci-Pererê - Lendas do Brasil
Por: Jakline Costa

Lendas do Brasil: Introdução



O projeto visa o estudo das lendas e mitos do nosso Brasil, tanto os indígenas como as lendas urbanas que costumamos ouvir das nossas avós quando elas querem nos assustar. Pretendo com isso falar sobre a origem de cada personagem do nosso folclore, não da maneira que já é feito mas abrangendo também a localidade de origem, os costumes dos povos da região e uma visão mais aprofundada do que isso pode ter influenciado nos aspectos psicológicos de cada ser.

- Introdução - Lendas do Brasil
Por: Jakline Costa